Deitarei na terra, e não na cama larga que guardou
nossos corpos.
Há copas em cima de meus olhos, e um frio úmido percorre minha espinha
Desejo um cheiro diferente. Um cheiro quente que
encubra meus abandonos e meus anseios de me sentir imortal.
Deitarei nos braços de uma mulher, com seios fartos e um beijo quente
nos lábios. Em seus afagos, lembrar-me-ei de uma vida sonhada e roubada ainda
menina.
Deitarei entre livros, folhas e canetas e dormirei até que águas me
cubram e eu pare de respirar. Por entre lodos e pedras, escorregarei até o mar, e me perderei de mim.
A vida que vivo ainda não é a minha. Vivem em mim, e não me reconheço
mais.
A vida entre as horas e os dias espera na terra fria, onde deitarei meus pensamentos e lentamente
acordarei meu coração só e cansado de tanto esperar.
Deitarei meu amor, e dormirei tranquila
Ana Flávia Rocha