sábado, 1 de junho de 2013

As Horas

Deitarei na terra, e não na cama larga que guardou nossos corpos.
Há copas em cima de meus olhos, e um frio úmido percorre minha espinha
Desejo um cheiro diferente. Um cheiro quente que encubra meus abandonos e meus anseios de me sentir imortal.
Deitarei nos braços de uma mulher, com seios fartos e um beijo quente nos lábios. Em seus afagos, lembrar-me-ei de uma vida sonhada e roubada ainda menina.
Deitarei entre livros, folhas e canetas e dormirei até que águas me cubram e eu pare de respirar. Por entre lodos e pedras, escorregarei até o mar, e me perderei de mim.
A vida que vivo ainda não é a minha. Vivem em mim, e não me reconheço mais. 
A vida entre as horas e os dias espera na terra fria, onde deitarei meus pensamentos e lentamente acordarei meu coração só e cansado de tanto esperar.
Deitarei meu amor, e dormirei tranquila


Ana Flávia Rocha