Excitada, um muco espesso, um cheiro agridoce, a gula por
mel
Irritada, um sono perene, os sonhos profundos, a fome do
mundo
Cansada, um corpo pesado, a mente confusa, a calcinha
molhada
Mulher, sangue que circula
Homem, por favor escute
Se espada tivesse, atravessaria seu peito
Retalharia seus membros
Vomitaria a injuria guardada na garganta
Faria você engolir goela a baixo todo meu destino
Da ilusão que sou seus pensamentos
Te cortaria a língua em mil pedaços, para calar suas
asneiras
Te abriria o coração, para ver aquilo que sua limitada visão
Não consegue entender...
Mas por sorte há o mal
Que me convida a esse ritual de trevas
Vampiro as minhas ideias
Embarco para um breu profundo
Onde eu finalmente possa
Profanar minha carne, somente minha, em nome de deus
Dançar inteiramente nua
Desejar o úmido encontro de
texturas,
Espalhar meu sangue e meu azedume, e dizer adeus
Oh divindade obscura, dei-me o vinho da lucidez
Transforme minha doçura apreendida
Na fera que por terra fora ferida
Uivarei, pois bicho sou
E não há teoria que me estipule
Ou que tente explicar o que não vês:
A minha tensão não é pré-menstrual
Sofro de tesão
De ser fêmea e efêmera...
Ana Flávia Rocha