domingo, 2 de agosto de 2015

Escarlate

Era branco o vestido fino do dia. Era branco, como branca a tarde escaldante num dia de inverno. Os pensamentos, no entanto, pareciam encharcados de sangue. Qual assassina em série de sentimentos e memórias latentes. Não havia um só momento que o branco em roupa se tornasse pensamento. 

E como a luta não acabava, como o suor das lágrimas já não descia mais, transformou os pensamentos escaldantes em vestimentas. E assim, o branco do vestido fino do dia tornou-se escarlate, qual sangue do suor das lágrimas que já não desciam, qual grito dos desesperados, qual flor em roseira espinhada. 

Eram vermelhas a roupa e a alma lavada...


Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Poema de um sonho

Minha borboleta, linda borboleta
De mim se afastou, deixando apenas o suspiro de suas asas
Que nunca se abriram em cor

Partiu minha borboleta, imaginada borboleta
De asas tristes e coloridas
Saiu de seus limites
Saiu de meu jardim 

Minha borboleta, grande borboleta
De mim se afastou, alargando o sorriso falso
Que nunca se instalou

A saudade de mulher feliz
A verdade por um tris
De ter asas e voar
De ser borboleta e chorar

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 3 de junho de 2015

flores amarelas



Feche os olhos e respire profundamente por dez segundos...

Imagine uma fada voando descalça diante de um grupo de pessoas que a admira extasiados

Sua beleza e seu carisma provocam silêncio estarrecedor

De sua boca sai uma encantadora voz de diva do blues dos anos 50

Por fim, alguns ousam gritar: - Linda! - Linda! E então ela abre um sorriso e pergunta What is Linda?

E as pessoas respondem em coro: beautiful. Ela sorri tímida e todos se derretem

Não há quem não esteja apaixonado

Ela encerra a aparição jogando flores amarelas depois de beijá-las

A cena lembra o êxtase coletivo do filme: O perfume

Pode abrir os olhos!
 
Você foi rapidamente ao show da Joss Stone em Brasília

Eu juro que vi isso!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Notícia decoreba




Hoje li na capa da revista coisas francesas:

“Bela magnólia casou-se com o senhor barão do rádio

Cambio!


Papa
       Oscar
               Echo
                      Sierra
                               India
                                     Alfha

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Eu sou amador


Eu sou amador, faço só por amor

Antes que a gula me angula, não preciso ler a bula para burlar

É só seguir e tocar, tocar, tocar

As vezes  mente

As vezes torpor

Convivo com os meus demônios acorrentados

Posso tenta-los

Sou sete

sete pecados, noves fora zera

ligado que nem coruja mental 220 volts

mas não me chame pra briga

disparo contra meu estômago em luta fratricida

em guerra sempre      antropofagicamente

mente de galho em galho

mentindo a esmo na quaresma de mim mesmo

a primeira página da resma é a entrada para o seu labirinto das letras

são sete vergonhas tímidas do gato

distrações voluntárias

inventando auto dores e altos calores

pintando matisse

rezando Rimbaud

porque sou amador

faço só por amor

a gaita chora na boca seca do beco bêbado

dilatando os sentidos

 bobeando

 sem medo

vestindo a camisa branca

a calça jeans rasgada

nessa moto roubada

são dianas sem freio

capacete no cotovelo,

vento, vendo, vento, vendo...sempre tem mais para o momento.