Era branco o vestido fino do dia. Era branco, como branca a
tarde escaldante num dia de inverno. Os pensamentos, no entanto, pareciam
encharcados de sangue. Qual assassina em série de sentimentos e memórias
latentes. Não havia um só momento que o branco em roupa se tornasse pensamento.
E como a luta não acabava, como o suor das lágrimas já não descia mais, transformou
os pensamentos escaldantes em vestimentas. E assim, o branco do vestido fino do
dia tornou-se escarlate, qual sangue do suor das lágrimas que já não desciam,
qual grito dos desesperados, qual flor em roseira espinhada.
Eram vermelhas
a roupa e a alma lavada...
Ana Flávia Rocha
Ana Flávia Rocha