domingo, 2 de agosto de 2015

Escarlate

Era branco o vestido fino do dia. Era branco, como branca a tarde escaldante num dia de inverno. Os pensamentos, no entanto, pareciam encharcados de sangue. Qual assassina em série de sentimentos e memórias latentes. Não havia um só momento que o branco em roupa se tornasse pensamento. 

E como a luta não acabava, como o suor das lágrimas já não descia mais, transformou os pensamentos escaldantes em vestimentas. E assim, o branco do vestido fino do dia tornou-se escarlate, qual sangue do suor das lágrimas que já não desciam, qual grito dos desesperados, qual flor em roseira espinhada. 

Eram vermelhas a roupa e a alma lavada...


Ana Flávia Rocha