quarta-feira, 30 de maio de 2012

Estrada

Como saber o que se sente
Frente ao temor crescente
Do erro e do destino
Finitude de um corpo
Que carrega uma mente
Ocultando os mistérios divinos
E na desordem da alma
Metade telúrica, metade celestial
A lógica da mente, o poder do amor
Metade pássaro, metade serpente
Os vícios latentes, a dor de quem nunca chorou
Águas correntes, águas estagnadas
E nessa estrada rumo ao nada
Sei que tudo é belo, tudo resplandece e tudo passa


Ana Flávia Rocha

terça-feira, 22 de maio de 2012

Revelia

Não tenho medo de meus processos,
Encaro-os a fogo e ferro
Não me venha falar o que devo fazer agora
Sempre estive sozinha nessa estrada
Fingia precisar de você pra me sentir mais amparada
Espectros de uma alma fragmentada
Despedacei-me, perdi-me e sigo
Mas o desamparo foi meu maior amigo
E por mais louca que pareça ser,
Olhe-me bem, e veja quem me tornei
À sua revelia me fiz forte e inteira
Digna e verdadeira
Capaz de carregar minhas feridas
Entregando-me ao eterno delírio
De sentir-me mulher, e mais nada...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Frio

Por favor, não vá embora
Fique, já perdi tantas coisas nessa vida
Deite-se ao meu lado
Consuma-me com seu frio
Provocando-me arrepios
Venha, me abrace
Acalme minha agonia
Não lutarei contra nada
Entrego-me na noite e no dia
Traga o breu da solidão
Lucidez e desatino no coração
Venha, não negarei minha sorte
Sou sua até a morte

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Isqueiro Vermelho

Pegue na minha mão
Vamos mergulhar nos mares da ilusão
Onde nos fundiremos por completo nas incertezas do coração
Assim saberás que meu corpo é a extensão de meus desejos
Com ele eu toco, lambo, danço e planejo
A melhor vestimenta que posso carregar
Um vestido esvoaçante, cheio de cores,
Dando espaço às minhas pernas que bailam ao som das inquietações, que são tantas
Meus braços em seu corpo, pernas que são braços
Meus quadris uma caixa de anseios...
Meus cachos encharcados pelas chuvas dos sentimentos
Mantemos nossas faces ao vento, sem medo...
E ao final, te deixo de lembrança um isqueiro vermelho
Para que nunca se esqueça que minha revanche é a minha paixão...

Ana Flávia Rocha