sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sonhos



Dizem por aí que os sonhos curam
Dizem, e foram doutores que disseram, que os sonhos revelam
Muito mais do que ocultam, nossos mistérios
E nos sonhos nos refazemos e resignificamos
Tudo aquilo que fora não suportamos
Dizem por aí que os sonhos ajudam
A desfazer o que cremos ser
Lutamos contra monstros, corremos de bichos e nos afastamos
Do inimigo oculto que guardamos.
Dizem por aí que quem sonha é feliz
Pois há sonhos que nos fazem lembrar
Da alma amiga que nos guarda ao acordar

Ana Flávia Rocha

terça-feira, 19 de junho de 2012

Aflição

Por que da dor me fizeste assim tão pequenina? tão impotente perante meus pensamentos - turbulências constantes de dizeres alheios... não sofro por ser quem sou, mas sofro por pensar que devo ser quem ainda não sou... e me sinto tão pequena diante da solidão do meu quarto vazio, grande de memórias de um trato que fiz nem me lembro mais com quem... vendi minha alma, e não sei como recuperá-la... mas guardo na prateleira  a caneta que rabiscou com sangue o meu nome, num papel sem pautas e vazio de letras...  Por que na dor me sinto tão pequena? tenho medo da vida e dos tantos outros tratos que ainda tenho que desfazer... tenho medo do grito que ecoa por toda a casa - me guiando, me seguindo, me pertencendo – mesmo que eu não queira... e sou tão pequenina que não vejo mais lugar para tantas coisas que extravasam, alheias a mim. E de tão pequena assim, onde guardarei as grandezas da vida que me pertencem, mas que ainda as ignoro?

Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sabedoria de Terreiro

Na gira de terreiro
Preto velho me falou
Pra que se preocupar?

Há que se ter fé na vida
O que eu não sei,
Ele sabe, e isso bastará
Pra que se lamentar?

Há que se observar a natureza
O rio corre em uma só direção
O que foi, não voltará

Pra que lutar?
Há que saborear os momentos
A dor é como laranja,
Se chupada até o fim
O que sobra é o esquecimento
E ao som dos atabaques
Preto velho me contou
Que o amor só vale a pena quando há troca
E que o tempo é o acalento da alma


Ana Flávia Rocha