Acolhe-me
com o véu da noite
Lindo
turbante nos dias quentes nesse deserto sem cor
És grande e
frio, e seu hálito assustador
Sussurrando em
meus ouvidos o que sou:
Fêmea, bicha
abusada cheia de raiva, felina marcada pelo rancor
Quem és tu
que me queima de dor?
Quem és tu
cheio de malícia que incita a preguiça que sou?
Quem és tu limpando com suas asas o que restou?
Sou digna de
seu amor?
Sou digna de
sua trama, que começa na cama, quando desacordada estou?
Besta
imbecil que carrega nada mais do que a couraça projetada pelos olhos de sua
amada...
Quem és tu
que não me deixa em paz, e me força a ser digna na dor?
Choro sua
presença, choro sua sentença
Que me salva
dessa alma
Que nunca se
contenta com que dou
Ana Flávia Rocha

