Já é tarde.
Em minhas mãos
não cabe mais um grão de esperança.
Já não acredito
na alegria alheia,
e tenho o amor como exceção.
Há tempos não me reconheço
nos sonhos antigos de criança.
Quando sonho,
não me vejo —
apenas apareço
como espectadora de motivos alheios.
Há tempos sei,
com nítida certeza,
que morrerei sozinha.
E tenho medo.
Por isso,
peço-lhe:
fique ao meu lado ao anoitecer.
Ensine-me a ver
o que já não consigo ver.
Meu olho,
habituado ao passado,
já não me reconhece.
Fique.
E não me dê amor…
Apenas fique,
e me dê suas mãos —
para que eu possa envelhecer.
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