sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Se...

Tudo seria muito bom se as coisas fossem diferentes do que são
Certamente seria muito mais legal se outra mulher eu fosse
Mas o melhor ainda seria se as pessoas agissem na medida exata do meu querer
Mas não sou, e nem as coisas são diferentes do que se apresentam
E muito menos as pessoas estão aqui para me satisfazer
E me coloco diante dos meus desejos
Qual criança mimada, que se apega ao nada, só para não crescer
Qual menina tirana, que não consegue ver mais nada além do seu querer
Insano é sofrer por não ter aprendido que o mar não se pode ter


Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Meu amor

Meu amor, não te entristeças, abra os olhos e veja
O mundo é mágico, e a morte que te persegues é a vida que se segue
Não chores por não ter o que queres, alegre-te com que tens
E tens tanto, tens a mim que estou sempre ao teu lado
Meu amor, não vês que já é tarde para desistir desse querer
Os desejos, que são tantos, já não te causam espanto
És grande e forte para receber da vida toda a sua sorte
E só eu nunca te deixarei
Meu amor, não temas diante de teus dilemas, já estás perto de sua glória
Já chegastes até aqui, por que desistir?
Vamos brindar com alegria os dias que estão por vir
E, apesar do espanto, agradecer esse grande encontro
Que nos une até o fim

Meu amor, prazer em te reconhecer

Ana Flávia Rocha

domingo, 19 de agosto de 2012

No caminho do sem fim

No caminho do caminho do caminho do sem fim
Eis que encontro uma ideia brilhante
Desenhar nas areias do mar o meu nome
E deixar que a onda o derreta
Levando-o como se leva o nada
Para longe de mim
Pois se julgo ser somente um nome num corpo
Lembro que um dia terei um fim
Pois se julgo que é no caminho que me reconheço
Lembro que sempre há algo renascendo em mim
Mas que tremenda confusão para quem somente chegou à conclusão
De que viver é morrer
De que a morte é um renascer constante
E a vida um ciclo sem fim

Ana Flávia Rocha

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Às vezes...

Às vezes ele não entende que meus desejos são urgentes
Bastando poucos minutos de ternura para que eu me desfaleça
Nos longos braços que arrematam meu corpo frágil
Às vezes ele não entende que meu corpo só o deseja
Que pouco importa o que ele pense, pois o torno sempre atraente
Quando meus desejos estão úmidos e latentes.
Às vezes ele não percebe que finjo escutá-lo com atenção
Que empresto meu olhar, meus gestos e pensar...
Mas que no fundo fico somente a imaginar
O seu corpo ardente, sua boca quente, suas mãos ligeiras e meus desejos repletos de anseios.
Às vezes ele não vê o quão importante para mim são os pequenos momentos de prazer
Mesmo que rápidos e monossilábicos, mas intensos no satisfazer.
E no meio do caminhar amigo ele me convida a saciar
Minha fome que não tem nome, com uma pipoca doce e salgada
Que, apesar de desejada, me faz crer que talvez a melhor comida
Seja sempre a imaginada...


 

Ana Flávia Rocha

PRESTA ATENÇÃO!

Presta atenção!
Que tem gente falando por ai...

Falando da sua dor...
Falando do seu amor...

Presta atenção!
Que tem gente.

Gente que sente...
Gente!

Presta atenção!

(Ana Barros)

domingo, 12 de agosto de 2012

Alice

O coelho de Alice avisava a hora exata
Do encontro marcado entre ela e o nada
E na hora planejada por sua alma preterida
Eis que encontra Alice a lagarta sabida
Tragando questões até então nunca pensadas
E foram embates marcantes e descabimentos profundos
Que fizeram desse sonho um encontro fecundo
De uma Alice que dormia para outra que acordara
Com a lembrança de um chapeleiro maluco
E de um mundo que profetizara
Que o bem e o mal sempre caminham juntos
Numa tarde ensolarada


 

Ana Flávia Rocha

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Lobo Mau

Que mistério é esse que invade meu corpo
Me deixando assim, cheia de desejos descompensados?
Que odor é esse que de repente sinto no ar
Despertando um olfato cheio de curiosidades?
Que olhar é esse que só enxerga o belo, o que arde
O que está pronto para ser atacado?
Que tato é esse que faz com que minhas mãos busquem
Um caloroso contato?
Acho que entrei no ciclo da procriação
E o que chamam de lobo mau é somente meu instinto

Me comendo pelas beiradas...

Ana Flávia Rocha

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Amigas

Confesso que o meu grande amor são vocês, minhas amigas, que me resignificam com gestos, atos, palavras, desenhos e poemas
Confesso que nunca havia pensado, na vida, que seria surpreendida com tal sentimento
Confesso que experimento agora um amor que é alimento e que faz nascer novas emoções, visões e pensamentos
Confesso que não seria quem eu sou se não houvesse vocês nos meus melhores e piores momentos
Confesso que quando olho para o firmamento agradeço a vida por tamanho privilégio
De ter nascido mulher e poder abraçar, acarinhar e beijar todas vocês, sem o menor julgamento
De caminhar nessa estrada sempre acompanhada por grandes mulheres

Que me ajudam a morrer e renascer - nesse eterno crescimento

Ana Flávia Rocha