quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Abismo

Então, depois de tudo isso, podemos concluir que...
... não há conclusão, só há mistérios...

Pois a vida é uma pilha de longa duração
Uma eterna excitação, sem entretenimentos modestos
Uma afetação contínua, cheia de dor e alegria
Um caminhar eterno na beira do abismo
Um extravasamento dos excessos
Aprendi o risco de estar viva desde o início
Vivo no abismo, abismada com a vida

Ana Flávia Rocha


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fugiremos

O verbo que inspira e faz crer
Que encontraremos um caminho para crescer
É um verbo conjugado na primeira pessoa do plural
Ungido de corpos que não temem se perder
E quando perguntei de quem fugir, ele respondeu:
Fugiremos do tempo!
Fugiremos das certezas!!
Fugiremos do esperado!!!
Fugiremos, de mãos dadas...

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O tempo e o vento

De mim, criei uma memória estática e idealizada
Morri no passado, me abstraí no futuro
Doeu: mergulhei em outro mundo
Temi a morte, temi a vida
Neguei meu corpo e meus desejos
Neguei a mim e me desfiz...
Foi preciso tempo
Para me reinventar
Reinventar-me é tempo
Sou no tempo
Um instante, um momento, um movimento
Um sentir misterioso, um medo dispendioso, um caos doloroso
Uma tragédia silenciosa e solitária
Trafego nesse tempo que não se importa com a memória
A vida é e está sendo
E eu, no vento...

Ana Flávia Rocha

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Vestindo o tempo

Eu queria viver de poesia, e sei que isso nunca vai acontecer
Talvez um dia, quando eu estiver velhinha, eu venha a viver só de escrever
Mas esse tal de “talvez um dia" é uma mania de quem não sabe viver
Descobri com Nietzsche que somos escravos desse dever ser
Pobres humanos que busca a segurança por medo de morrer
Mas a vida é grande e misteriosa e nos engole sem perceber
A vida é breve!!! E o sentido nós que temos que fazer
Hoje, aqui, agora, mergulhados no divino de somente ser
Ai que duro destino é esse da poetiza que não quer crescer
Que não quer ver que a vida é só isso, e que vou morrer
E sempre que meu olho espia o vazio, sinto frio
E volto a pensar que devo ser uma cidadã respeitável
Uma mulher honrável, uma máquina de fazer
Mas ainda bem que há o corpo, há o prazer
Há livros, músicas, filhos e amigos
E, sobretudo, os sonhos que me distraem desse cruel destino
Tecendo uma vida mítica e cheia de desatinos
Para cumprir, enfim, o meu destino.
Mas, qual mesmo é o meu destino?

Ana Flávia Rocha

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Faz de conta....

Faz de conta que já se passara o tempo necessário para o meu coração esquecer que um dia bateu forte por uma dor de falta... faz de conta que, nesse tempo, o meu coração aprendera que a falta era necessária para se chegar onde se deve chegar... faz de conta que esse lugar onde se deve chegar esteja mais perto do que eu possa imaginar... faz de conta que nesse lugar não exista saudade... faz de conta que eu seja corajosa o suficiente para me refazer para um novo faz de conta...

Ana Flávia Rocha