Talvez um dia, quando eu estiver velhinha, eu venha a viver só de escrever
Mas esse tal de “talvez um dia" é uma mania de quem não sabe viver
Descobri com Nietzsche que somos escravos desse dever ser
Pobres humanos que busca a segurança por medo de morrer
Mas a vida é grande e misteriosa e nos engole sem perceber
A vida é breve!!! E o sentido nós que temos que fazer
Hoje, aqui, agora, mergulhados no divino de somente ser
Ai que duro destino é esse da poetiza que não quer crescer
Que não quer ver que a vida é só isso, e que vou morrer
E sempre que meu olho espia o vazio, sinto frio
E volto a pensar que devo ser uma cidadã respeitável
Uma mulher honrável, uma máquina de fazer
Mas ainda bem que há o corpo, há o prazer
Há livros, músicas, filhos e amigos
E, sobretudo, os sonhos que me distraem desse cruel destino
Tecendo uma vida mítica e cheia de desatinos
Para cumprir, enfim, o meu destino.
Mas, qual mesmo é o meu destino?
Ana Flávia Rocha
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