terça-feira, 23 de agosto de 2016

So-minha

Quando chegou ocupou o quarto da cozinha
Lá ficava escondida  a me olhar
Com o tempo foi crescendo

Sua presença baldia
Alimentava-se de dores, choros, esquecimentos 

Alimentava-se de silêncios
Quando se apresentou a vi amiga

Não temia o que me trazia
Não entendia o que me dizia
Mas gostava de sua companhia...
Agora ela mora em meu quarto 

Se alimenta de meus sonhos
Dorme comigo, não me deixa sozinha
Essa dor que é só minha 


Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Metamorfose-Ando

Ando me transformando
Virando do direito para o avesso
Pegando a via do desconhecido
Atravessando mares sombrios

Sínteses de hormônios artificiais
Qual lisergia que impregna a mente
Traduzida em línguas pungentes
Demonstrando meus desejos carnais

Quero o que não tive coragem ainda
Ultrapassar a linha do escárnio
Ser o que condeno... realizar o imaginário

Livre de mim, metamorfose de gente
Que como a gente, come a gente...

Ana Flávia Rocha


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Autofagia

Diga-me, meu amor
Qual o sabor da minha saliva 
Diga-me qual amargor
Minha boca deixou

Para que eu possa
Numa desesperada autofagia 
Evidenciar o veneno
Que me mata dia-a-dia.

Ana Flávia Rocha