Ele me perguntou se não dormia mais
Não, durante a noite eu não durmo
Perambulo livre dessa carne que envelhece
Alma solta da razão
Eu me enrosco nas peles dos corpos suados das putas
Expostas nas ruas
Sentindo em seus desejos tudo aquilo que minha moral repugna
Mas jamais esquece
Não, durante a noite eu não durmo
Eu fumo o ópio proibido dos amantes
Busco satisfazer os desejos velados
Não me furto ao horror das vontades – sem pudores
Vago nesse mundo impregnado do cheiro azedo do pecado
Não, durante a noite eu não durmo
Caminho por entre os esgotos onde crianças e ratos dormem
Cheiro o lixo podre que guardo nas entranhas dos canos que
minha pele encobre
Lambo os suores dos homens que vagam por entre os sonhos
Eu só durmo quando acordo
Jeito bom de suportar as deslisuras que carrego
O meu pecado que não vela – e revela minha vida quando acordo
Ana Flávia Rocha
domingo, 30 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Oração
Deus, não deixe eu morrer sem me conhecer
Dê-me sentido a esse mistério de estar viva e saber ser
Que eu não tema minha essência que é despida de pudor
Do corpo que abriga os meus desejos, faça que o trate com amor
Que eu não lute contra nada que insurja em meu peito
Das dores e alegrias passageiras, faça delas minhas fieis companheiras
Que eu não fuja da minha natureza, que ainda não sei o nome
Dos sentimentos desconcertantes, que eu os carregue sem culpa
Dê-me sempre a inspiração como guia
E a fé de que um dia, a ti ou a mim, eu encontrarei no fim dessa jornada
Deus, não deixe eu morrer sem te reconhecer...
Ana Flávia Rocha
Dê-me sentido a esse mistério de estar viva e saber ser
Que eu não tema minha essência que é despida de pudor
Do corpo que abriga os meus desejos, faça que o trate com amor
Que eu não lute contra nada que insurja em meu peito
Das dores e alegrias passageiras, faça delas minhas fieis companheiras
Que eu não fuja da minha natureza, que ainda não sei o nome
Dos sentimentos desconcertantes, que eu os carregue sem culpa
Dê-me sempre a inspiração como guia
E a fé de que um dia, a ti ou a mim, eu encontrarei no fim dessa jornada
Deus, não deixe eu morrer sem te reconhecer...
Ana Flávia Rocha
sábado, 22 de setembro de 2012
Cacos
Não me queira, não te farei bem
Destilo raiva e rancor
E meu poder de sedução, amor, é só uma armadilha...
Não me queira, estou machucada
E meu processo de cura, se é que há, talvez seja eterno
Mas pode ser que um dia, talvez....
Hoje não consigo amar além da poesia
E meus gozos são solitários
Não me queira, não sou de ninguém
De quem sou?
Da minha imaginação, que me leva a ser rainha e rata
Tirana e princesa, bruxa e mulher...
Amor, só há uma certeza dentro de mim
De tão alijada de meu destino, me tornei alheia ao meu caminho
Por isso, não me queira
Pois hoje trilho uma estrada cheia de cacos
Pedaços largados que precisam ser...
...algo que desconheço, mas que precisam ser....
Ana Flávia Rocha
Destilo raiva e rancor
E meu poder de sedução, amor, é só uma armadilha...
Não me queira, estou machucada
E meu processo de cura, se é que há, talvez seja eterno
Mas pode ser que um dia, talvez....
Hoje não consigo amar além da poesia
E meus gozos são solitários
Não me queira, não sou de ninguém
De quem sou?
Da minha imaginação, que me leva a ser rainha e rata
Tirana e princesa, bruxa e mulher...
Amor, só há uma certeza dentro de mim
De tão alijada de meu destino, me tornei alheia ao meu caminho
Por isso, não me queira
Pois hoje trilho uma estrada cheia de cacos
Pedaços largados que precisam ser...
...algo que desconheço, mas que precisam ser....
Ana Flávia Rocha
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Fogo
Sou uma mulher dada a rituais
Acostumei-me a transmutar assim
E à medida que o fogo aceso do meu altar aumenta
Morrem em mim os sonhos e ilusões
Essa chama que crepita no ponto largo e escuro da alma
Ilumina o que sempre escondi de mim:
Nuvens negras que passeiam numa noite enluarada
Não fujas, sombra maldita e abandonada
Pois hoje és querida e desejada
Por alguém que mal conheço
Mas que, cuidadosamente, alimenta esse fogo
Esses dias, essa sombra, esse nada
Ana Flávia Rocha
Acostumei-me a transmutar assim
E à medida que o fogo aceso do meu altar aumenta
Morrem em mim os sonhos e ilusões
Essa chama que crepita no ponto largo e escuro da alma
Ilumina o que sempre escondi de mim:
Nuvens negras que passeiam numa noite enluarada
Não fujas, sombra maldita e abandonada
Pois hoje és querida e desejada
Por alguém que mal conheço
Mas que, cuidadosamente, alimenta esse fogo
Esses dias, essa sombra, esse nada
Ana Flávia Rocha
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Lírios
És tu que me alimenta nessas noites cinzentas
Que choro a ausência de um amor tardio
Surgido de um campo cheio de lírios
Apareces do nada, trazendo nas mãos doces palavras
Enchendo de ternura meus pensamentos
Acompanhando nessas desventuras
A saga de uma mulher pintada
Pela tinta viva da ilusão
Largada no meio da estrada
Ana Flávia Rocha
Que choro a ausência de um amor tardio
Surgido de um campo cheio de lírios
Apareces do nada, trazendo nas mãos doces palavras
Enchendo de ternura meus pensamentos
Acompanhando nessas desventuras
A saga de uma mulher pintada
Pela tinta viva da ilusão
Largada no meio da estrada
Ana Flávia Rocha
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