sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Poema de fim de ano

Fim do dia
Findo ano
Fim dos sonhos
Findo assombros
Por que a ilusão
É maior que pensamos
Permite o sonhar
Um novo ano
Que só vingará

Se mund(o)AMOs... 

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Cilada

Era uma cilada
Dada como dados
Corrente que perpassa
Almas algemadas

Era um jogo calado
Mentiras e intromissões
Velando os fatos
De uma eterna ilusão

Era uma chuva fina
Com ventania
Molhava a cara espantada
Do afeto que partira

Era um velho morrendo
Uma angústia dissolvendo
Um calor renascendo
Das cinzas...

...era um novo coração!

Ana Flávia Rocha

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Tipo (de) 4

Como sou 4
De 4
Lambo o prato
De minhas feridas

Se olho pro lado
E miro que não tenho
De 4
Rosno pra vida

Se não sou além do prato
Se não vejo além do desejado
Mergulho nos atos
Sempre (de) 4

Ana Flávia Rocha

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Nina

Qual viúva já chorei de amor
Mas agora acabou
E meu coração morreu

Enterrei-o ainda vivo
Para saber-se morto
Sem conseguir saber-se meu

Mas se um dia voltar a pulsar
Engravidarei de saudades futuras
Do que enterrado nunca viveu

Da terra batida ela brotará...

Pele de mel e olhos de breu
Esculpida qual camafeu
Nina dormirá em braços meus

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Birman

Meu corpo entumecido
Fragilizado de relações humanas
Guadra em si palavras não ditas
Decoradas de ladainhas estranhas

Meu corpo entorpecido
Roto desde a infância
Des-mente, des-afeta e des-sente
A dor em sua entranhas

Difícil é satisfazer
O coração que deseja tanto

Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Narguilesofando

Ele me ajuda a conviver com Ela
O Outro me ajuda a conviver com Ele
Elas me ajudam a conviver comigo
E os outros me ajudam a viver

A música me ajuda a entender
O poema a ser
E tudo me ajuda a refazer...


Ana Flávia Rocha 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sépia

Esse afeto
Fala de coisas que desconheço
Por que desejo o que odeio?
Por que amo o que dilacera?
Qual o sentido da trama
Que me lança nessa dor?

A onda, por mais forte que arrebente
Não alcança o topo da montanha
Que guarda em si o inconfessável domínio
Do corpo que nunca se desprende
Do que no mar nunca se encontra

A onda que se lança
A montanha que se sustenta
O desejo que se sente
Dupla face da façanha
De ser gente simplesmente

Ana Flávia Rocha

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Iansa

Olha o vento
Olha o vento virou
Ventou, ai que ventania
Ventou, e o mundo girou.

Ana Flávia Rocha

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Não lugar

A onda que bate e volta, me leva ao desconhecido: 
Lugar onde não sou. 
A maré quando enche, encharca o coração. 
Leva-se um tempo para ser o que não se é. 
Leva-se um tempo para não se entender. 
Leva-se um tempo para nadar nas ondas das emoções. 
Sou praia, sal, água, tempestade, vento e trovão. 
Sou aquela que não tem previsão.
Sou o que espero não ser. 
Barco sem timoneiro que naufraga no oceano. 
Águas turvas da paixão...

Ana Flávia Rocha

terça-feira, 23 de agosto de 2016

So-minha

Quando chegou ocupou o quarto da cozinha
Lá ficava escondida  a me olhar
Com o tempo foi crescendo

Sua presença baldia
Alimentava-se de dores, choros, esquecimentos 

Alimentava-se de silêncios
Quando se apresentou a vi amiga

Não temia o que me trazia
Não entendia o que me dizia
Mas gostava de sua companhia...
Agora ela mora em meu quarto 

Se alimenta de meus sonhos
Dorme comigo, não me deixa sozinha
Essa dor que é só minha 


Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Metamorfose-Ando

Ando me transformando
Virando do direito para o avesso
Pegando a via do desconhecido
Atravessando mares sombrios

Sínteses de hormônios artificiais
Qual lisergia que impregna a mente
Traduzida em línguas pungentes
Demonstrando meus desejos carnais

Quero o que não tive coragem ainda
Ultrapassar a linha do escárnio
Ser o que condeno... realizar o imaginário

Livre de mim, metamorfose de gente
Que como a gente, come a gente...

Ana Flávia Rocha


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Autofagia

Diga-me, meu amor
Qual o sabor da minha saliva 
Diga-me qual amargor
Minha boca deixou

Para que eu possa
Numa desesperada autofagia 
Evidenciar o veneno
Que me mata dia-a-dia.

Ana Flávia Rocha

quarta-feira, 13 de abril de 2016

classes




geminiano; paciência; ócio; brasileiro; ativista; dois; “a única conclusão é morrer”; vou pensar sobre isso; gula; cronópio; vascaíno; servidor; músico; candango; estrogonofe;  endereço fixo; ciências sociais; obra dos ETs, rs; casado, ENFP; sucesso da banda; altruísta; grande sertão; fazer música; diplomata; junina;  46; pai; esquerda; irmão; nunca; budista?; branco; cerveja; blues; pós-graduado; verde; jardinagem; andar sem a carteira; heterossexual; igualitário; maikóvisk; social; orquídeas; AB; humanista; motociclista; ter fugido da polícia de moto; parei;  extrovertido; que me julguem; comunicação; de altura; ascendente em touro; A+;  educação; epicurista; barcelona; pessoa; poesia; sim; daria uma porrada; lua cheia; tabacaria; prefiro ficar no raso.

terça-feira, 12 de abril de 2016

acabou o baile de máscaras

Acabou o carnaval! Não preciso mais ir ao baile de máscaras. Estou livre!!! Eu quase tenho certeza que poderia reconhecer a Rainha da Inglaterra... eu aposto que conseguiria desmascarar o coringa, que também era o gato de botas... Será que me reconheceram nessa fantasia barata de Pierrot? Será que notaram que por vezes eu trocava pela do bêbado equilibrista? Esse é o preço de comprar em promoções... sequer nos distinguimos nas fotos. O santo, o padre, o gênio, a madre, a bela, o bobo, a diaba, a mocinha, advogados travestidos deles mesmos..                                                     
cordeiros aos milhões... Dai-nos a paz!

segunda-feira, 28 de março de 2016

Convite ao Poema

Há jardins suspensos
De botões brilhantes
Aguardando florescer


Não reconheço mais
A mão que segura a caneta
Mas ouço os poemas a tecer


Transbordam do peito palavras 
Que findam o anoitecer

Transbordam da tinta
coração, cabeça, rim e pulmão 

Que acabaram de nascer

Sou toda desejo de escrever

* Aos meus amigos do blog, fica um convite: vamos poetar?