segunda-feira, 30 de julho de 2012

PÉITOS ...




Peito aberto, pé na estrada...
A vida é o caminho que desbravo
Com choro, com riso
E com esperança que a humanidade vai aprender a construir
Rumos mais justos
Amores mais vivos
Filhos mais livres
Igualdade, Liberdade, Diversidade
e Fé na vida!



Edição: Ana Barros
Poesia: Valéria Burity
Produção: Quintal Virtual

domingo, 29 de julho de 2012

Fricção

Solta o verbo para iniciar a ação.
Vai fazendo no seu tempo
para não atrapalhar a execução.
É na fricção do subjetivo com  o objetivo 
que se constrói uma nova conjugação.


Ana Barros

Maniuebiab´y

É que meu olhar despejou em ti um adorno, divino
E ja não via o traço, a cor, o pelo
Mirava apenas teu aço, tua dor e meu espelho...

Valéria Burity

Releituras

Às vezes, quando te leio, percebo um estranhamento profundo
Você na superfície e eu no fundo
Olhando mais de perto, sei que há algo mais concreto
Sua vida mais aberta e a minha mais secreta
Outras vezes eu fecho os olhos e sinto tudo ao contrário...
Eu por cima e você por baixo


Ana Flávia Rocha

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sertão, coalhada de sentimentos

E por, às vezes, me sentir tão d i s t a n t e de mim é que me entristeço
Quando me esgarço, não me reconheço 
Quando me perco, quando tenho saudade do que está por vir...
Uma busca infinda, ainda desconhecida, no aqui e ali de mim
Saber-me só, não saber-me, não saber, não...
Desmesurado sentir, viver contido,espremido entre razão e o medo da solidão,
Da companhia, da velhice, da responsabilidade, da loucura e da morte
Coalhada de sentimentos, expansão de dor
Quando ser é só espelho da pretensão
Mas não há desespero, consola Riobaldo no sertão que trago em mim
“Porque aprender a viver é que é o viver mesmo”...

Valéria Burity

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Conclusão

Quão dementes e lascivos são os desejos de quem sente a solidão
Pensamentos preenchidos de fantasias e ilusão
Que despertam mil possibilidades de viver uma paixão
A dois, a três, a quatro...
Fazendo dos conhecidos fieis desconhecidos
Inventando quem representem pais, primos e irmãos

Quão culpada me sinto quando penso nas proibições
Fui isolada e castrada das sensações
Que brotavam naturalmente
Na mente inocente
De uma pequena menina
Que gostava de brincar sozinha

Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Anjo Exterminador

Entre com cuidado nessa casa.
Há algo maior que nos chama.
Reverenciemos os acontecimentos
Eles são oportunos
Mesmo diante dos desentendimentos.
Poderia te receber de um jeito sedutor. Mas não...
Venha, tenho algo a oferecer além da sedução
Deixe que eu tire seus sapatos, suas calças, sua blusa.
Deixe que eu o deite em minha cama.
Quero te olhar nos olhos e te agradecer.
Deixe eu te tocar num gesto de entendimento dos meus sentimentos.
Deixe eu te acarinhar, pegar nos seus cabelos,
Cheirar seu pescoço, olhar profundamente os seus olhos.
Deite-se e deleitei-se com esse amor contido e há tanto tempo guardado.
Se desperta em mim um lado compreensivo
Que precisa te ver para me conhecer...

Ana Flávia Rocha

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ai meu deus

Ai meu deus,
Não vês que teus remédios não me servem mais?
Já não faço parte das mulheres normais
Por isso eu te peço, por favor,
Afaste-se com seu temor
Pois quem em mim habita é a eterna diva
Deusa fecunda e de louvor
Minha natureza é feminina
Digna somente de amor


Ana Flávia Rocha

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Perguntas

Qual o preço que pago por ser uma mulher assim:
Tão descoordenada e viciada?
O que me faz crer que posso mudar a minha natureza?
Meu amor: o que faço com ele?
Qual a medida do meu ser?
Qual ritmo irá compor meus sentimentos do momento?
Qual melodia faz parte do meu poema?
Transito nos ritmos do querer
E são tantos, tão efêmeros e tão meus
São ditados como pulsações de uma sensação que não tem fim
São vivos como eu sou... Cheios de sentimentos e ardor
Enquanto isso minha gata pula pela casa
Mostrando que o sentindo de estar e ser
Não passam de simples momentos de prazer

Ana Flávia Rocha

domingo, 15 de julho de 2012

Formiguinhas

Quando entrei na casa vazia
Deparei-me com um clã de formiguinhas
Elas zanzavam noite e dia na cozinha
Gostei de encontrá-las nos cantinhos da casa
Sentia-me mais acompanhada
Com o tempo, passei a observá-las sem querer extirpá-las
E pensava no sentido delas em minha vida
Hoje já não as vejo mais zanzando por aí
Às vezes me deparo com uma no açucareiro cheio
Outras vezes no pote de mel vazio
Talvez elas estejam escondidas, se acolhendo do frio
Ou talvez não...
Talvez elas estejam apenas cumprindo o destino
De irem embora à medida que as dores se vão


Ana Flávia Rocha

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Desmesuras

Não tente compreender minhas desmesuras
São desmesuras desmesuradamente itinerantes
Mostrando-me que tudo que sinto é pura ilusão
Minhas desmesuras não tem nome
Não tem parâmetro e nem cor
Não tem começo e nem fim
E geralmente são destituídas de rancor
São acompanhadas de sentimentos grandiosos
Mesmo que depois se apequenem
Diante do quase nada que significou
Minhas desmesuras não pedem licença
São feitas de pequenas urgências
Aparecem do nada e me levam a lugares inexistentes
Não tente compreender minhas desmesuras
Mas saiba que elas acabam por desmentir
Tudo aquilo que julgo sentir


Ana Flávia Rocha

terça-feira, 10 de julho de 2012

Menina

Ainda menina, fui ferida na vagina
Negando minha autonomia e energia
E todas as vezes que a sentia pulsar
Olhava para fora com medo de não me controlar
Encarnei meu controle nos falos que tentei possuir
Investindo no estigma de ser boa menina
E agora me olho no espelho e não me reconheço
Não sei quem esse corpo habita
Não há harmonia entre meus desejos
E sinto como se minha casa estivesse vazia...
Tive tanto medo do meu fogo
Que ele acabou por consumir
Toda minha alegria


Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 9 de julho de 2012

sem título

Quando resolvi ser honesta comigo
Senti um nó no estômago
Não sabia que carregava dentro
O que fora me oprimia
E os sentimentos julgados importantes
Foram perdendo força, cor, luz e vida


Quando resolvi ser honesta comigo
Abri meus olhos num breu profundo
As vozes se calaram subitamente
Dando espaço ao profano abraço

Dos desejos oprimidos
Entre deus e o diabo.



Ana Flávia Rocha

terça-feira, 3 de julho de 2012

Belo estranho...

Quero hoje me enfeitar para você
Colocar em meu pescoço colares de contas coloridas
Nas orelhas, brincos de prata e cristal
Nos dedos, anéis que simbolizam a aliança
De todos os compromissos que ainda faremos
De sermos um nesse nosso momento
Quero hoje me fazer bonita
Dançar e cantar contra o vento morno
Que traz a brisa e o consolo
Do desamparo que me guia
Para seus braços que acariciam
A nova mulher que se inicia

Ana Flávia Rocha

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Na segurança da insegurança
abri um caminho
que rasgou a trama
que impedia o reflexo 

o reflexo da realidade.

(Ana Barros)

De que nós somos feitos?

De que nós somos feitos?
Carne e osso e desejos
Sonhos e ilusão
Que caminham na imensidão
Somos feitos de pensamentos
Peitos, bundas e cinturas
Que nos levam na aventura
De sermos um
Dentro de nossa solidão