terça-feira, 10 de julho de 2012

Menina

Ainda menina, fui ferida na vagina
Negando minha autonomia e energia
E todas as vezes que a sentia pulsar
Olhava para fora com medo de não me controlar
Encarnei meu controle nos falos que tentei possuir
Investindo no estigma de ser boa menina
E agora me olho no espelho e não me reconheço
Não sei quem esse corpo habita
Não há harmonia entre meus desejos
E sinto como se minha casa estivesse vazia...
Tive tanto medo do meu fogo
Que ele acabou por consumir
Toda minha alegria


Ana Flávia Rocha

3 comentários:

  1. Veio das trevas inconscientes de Plutão
    um curandeiro que renasce das cinzas e lambe feridas.
    Veio das terras vermelhas de Marte
    um guerreiro que atiça o fogo e sopra a brasa.
    Veio das brumas róseas de Vênus
    uma ninfa que gira no reverso e traz ingênua alegria no coração.
    Acabou chorare.

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    1. Lindo, adorei!!!! Obrigada, mesmo, muito obrigada!!!
      Beijos

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  2. Menina: Muito bom, principalmente pela criatividade como trabalha as palavras, trtando de questões tão delicadas como a vagina e seu entorno de "proibição e moralidades", constituindo um contorno reflexivo-poético!

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