sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sertão, coalhada de sentimentos

E por, às vezes, me sentir tão d i s t a n t e de mim é que me entristeço
Quando me esgarço, não me reconheço 
Quando me perco, quando tenho saudade do que está por vir...
Uma busca infinda, ainda desconhecida, no aqui e ali de mim
Saber-me só, não saber-me, não saber, não...
Desmesurado sentir, viver contido,espremido entre razão e o medo da solidão,
Da companhia, da velhice, da responsabilidade, da loucura e da morte
Coalhada de sentimentos, expansão de dor
Quando ser é só espelho da pretensão
Mas não há desespero, consola Riobaldo no sertão que trago em mim
“Porque aprender a viver é que é o viver mesmo”...

Valéria Burity

6 comentários:

  1. [pá, pá, pá, pá, pá, pá, ...]

    Minhas palmas pelo seu dom poético revelado em versos de forma tão perspicaz e encantadora...

    Uma sexta maravilhosa para você!

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  2. Respostas
    1. Percorrer Sertão é como se estivéssemos percorrendo um território agreste de sentimentos e reflexões, assim por vezes uma espécie de sentir teus sentimentos, suas buscas, incertezas, descobertas, um deslocamento das idéias, que transbordam por tal terreno, fértil de visualidades, que tratam da inconstância da vida, fruto do inacabamento que nos constitui, humanos, em demasia. Por isso tão vivo os sentimentos manifestos, assim nos desacomodam, porque não, nos incomodam? Não seria este o verdadeiro sentido da arte? Nos retirar do lugar comum do expectador.... Sertão é uma espécie de texto, de não simples complexidade, ao mesmo tempo que se revela em instantes contraditório, igualmente é realístico e racional. A exemplo, o que é um sentir “saudade do que está por vir...”? Nos impulsiona prospectivamente em “uma busca infinda, ainda desconhecida, no aqui e ali de mim”, que mesmo que seja progressivo, ou dentro ou fora, é um terreno desconhecido: “Saber-me só, não saber-me, não saber, não...” Ah! Este movimento tão verdadeiro que nos impregna, que desatina, rico de emocionalidade: “Desmesurado sentir, viver contido, espremido entre razão e o medo da solidão” no entanto é o que da sentido a tudo, a sempre busca, eterna, interminável..... “da loucura e da morte” que traduz de modo tão único e revelador um pouco do sentido do que significa esta “Coalhada de sentimentos” é um descobrir-se, revelar-se, desnudar-te! Pois, “Porque aprender a viver é que é o viver mesmo”...

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  3. Ronaldo...a emenda saiu melhor que o soneto. Obrigada pelo comentário e pelo compartir!

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