terça-feira, 18 de setembro de 2012

Fogo

Sou uma mulher dada a rituais
Acostumei-me a transmutar assim
E à medida que o fogo aceso do meu altar aumenta
Morrem em mim os sonhos e ilusões
Essa chama que crepita no ponto largo e escuro da alma
Ilumina o que sempre escondi de mim:
Nuvens negras que passeiam numa noite enluarada
Não fujas, sombra maldita e abandonada
Pois hoje és querida e desejada
Por alguém que mal conheço
Mas que, cuidadosamente, alimenta esse fogo

Esses dias, essa sombra, esse nada


Ana Flávia Rocha

9 comentários:

  1. Amiga, agora tens o nada na boca
    como o pescador paciente e lúcido
    buscando na imensidão calma do rio
    o peixe que só posterga sua fome.

    Observa a sombra à beira de si mesma,
    vê a fronteira deste teu coração,
    sê a ilusão serena dos teus amores
    e atira, afinal, com todo teu ímpeto
    o anzol no meio da morada do peito
    para pescar no lago dos teus sonhos
    o fogo de hoje e o nada de tudo...

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. o nada em tua boca é cereja madura
      balançando-se no galho que murmura,
      e, sem agüentar seu peso, a derruba
      ao pé de si mesma, onde s'enraíza,
      doce, suave, serenamente se deita,
      vai machucando a terra, os lábios,
      procurando a cura p'ra essa doçura
      de viver efêmero e desejar perene;

      o fogo da tua boca acende uma dúvida:
      seremos a fruta que traz consciência,
      ou a boca que morde, o nada que pula?

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    3. Ora a fruta, ora a boca, ora o nada...
      Quem murmura é o silêncio
      Que nas entrelinhas dos versos
      Traz à consciência
      O meu bicho que não cala
      O que fala? Não sei...
      O que sente? Tampouco sei...
      Mas é, e isso basta!!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. meus versos na corda bamba
    vão deslizando pelos dentes
    como notas frias de muamba
    nesta nossa ponte da amizade:
    acho que começo a te entender;
    quando dizes 'fogo', és Ana!
    quando dizes 'lírio', és Ana!
    quando dizer 'nada', és Ana!
    quando dizes 'se'. Ainda Ana.
    E eu, sem nada o que fazer,
    às vezes digo 'Ana', 'amiga',
    'nada', 'gata'. Só mesmo Ana
    para saber de Ana. Isso basta.

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    1. Às vezes a Ana sabe de Ana,
      Às vezes não...
      Saber de si... dura reflexão
      Mas você sabe de Ana, por que sabe que é Danilo.
      Seus ecos, meu reflexo.
      Por tudo isso, obrigada!!!!

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  4. Tenha um bom dia e um beijo, Ana. Desculpe por ser tão prolixo... hehehehehe

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  5. Rituais são uma espécie de tempero que impregna a vida com um gosto inesquecível.

    Deixo um abraço!

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