Falemos, deliberadamente, de coisas
inúteis
Falemos de coisas inúteis para distrair
a dor
Coisas inúteis abrem as chaves dos
cadeados dos castelos imundos e escuros
Onde vivem seres estranhos
Falemos como seres estranhos, pois o
sentido das coisas é só uma fachada...
E a dor é o nome do soldado que guarda
o porão onde os mais esquisitos dos seres vivem
Falemos deles e alegremos o soldado que
perdeu sua função
O irreal tomou conta do meu mundo e
soltou das jaulas meus sentimentos
Cuidadosamente zelados pelo guarda e
julgados pelo juiz
E o sentido das palavras perdeu o
sentido no dia que senti algo estranho e chamei de saudade
Chorei, gritei e neguei ser vítima dos
algozes pensamentos que me prendem às palavras
Peguei o lápis e brinquei de ser deus
E
percebi que o algo estranho que sentia era apenas a vontade de ser quem eu
sou...
Ana Flávia Rocha
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